Como consumidores de vinho, acabamos por muitas vezes deparar-nos com vinhos que se encontram defeituosos, e nem sequer nos apercebermos disso. A boa notícia é que a maioria das falhas no vinho não são más para nós. Apenas podem saber mal. Por isso, apresentamos-lhe uma breve explicação sobre as falhas mais comuns no vinho e como as pode (e deve) saber identificar.
Oxidação
Como identificar?
Para identificar um vinho oxidado esteja atento à perda do brilho, tanto na cor como no sabor. No caso dos tintos, estes adquirem uma cor castanha-alaranjada e ganham uma estranha característica de sabor a vinagre e caramelizado de maçã. No entanto, são os vinhos brancos que estão muito mais suscetíveis à oxidação, isto porque os níveis mais elevados de taninos dos tintos atuam como uma tampa.
O que aconteceu?
Isto acontece porque existiu uma contaminação causada pela demasiada exposição ao oxigénio. Sabe quando deixa uma maçã fatiada no balcão e ela fica castanha? É o mesmo processo, mas no seu vinho. A oxidação é a falha mais comum dos vinhos mais velhos e é fácil de replicar com qualquer garrafa de vinho.
Posso corrigir?
Não, mas pode prolongar a vida útil do vinho aberto utilizando uma ferramenta de conservação do vinho. Se a garrafa for oxidada logo fora da prateleira, teve um fecho defeituoso ou foi mal manuseada no transporte, e o melhor é levá-la de volta.
Tricloroanisol (TCA), também conhecido como "rolha"
Como identificar?
Os vinhos com "rolha" têm um odor húmido e um cheiro característico, quase igual a um jornal molhado, um cartão com bolor, ou um cão molhado. Estes sabores acabam por dominar o vinho e o sabor a fruta desaparece.
O que aconteceu?
Nestes casos, o que aconteceu foi que um contaminante químico encontrou o seu caminho para a garrafa algures no processo de produção, geralmente através da rolha. Este TCA pode estar presente nos barris de carvalho, ou nas linhas de processamento de uma adega, o que muitas vezes faz com que lotes inteiros, e não só garrafas individuais, fiquem arruinados.
Compostos de enxofre
Como identificar?
Se notar cheiro a ovos podres, borracha queimada, alho cozido, ou cheiros de doninha no seu vinho, depois de o decantar durante algum tempo (15 a 20 minutos), então provavelmente este tem um problema.
Posso corrigir?
A decantação ajuda a reduzir o sabor. No entanto, se for muito agressivo, deve considerar a devolução da garrafa.
Fermentação secundária
Como identificar?
Atenção, bolhas no vinho não é espumante! Esteja atento à presença de bolhas no vinho e ao som “psssst”. Regra geral, os vinhos costumam cheirar a levedura e sabem a zípido. Mas nem toda a fermentação secundária acontece por acidente. Alguns enólogos abraçam-na para dar um pequeno pontapé nos seus vinhos, e alguns estilos tradicionais de vinho são naturalmente frisantes, como o Vinho Verde, o Bonarda italiano (um tinto), e alguns Grüner Veltliner.
O que aconteceu?
O aparecimento de pequenas bolhas no vinho, quando não deveria haver nenhuma, especialmente numa garrafa de vinho jovem, é sinal de fermentação secundária. As bolhas acontecem normalmente por acidente quando o açúcar residual é engarrafado com o vinho, resultando em refermentação. Isto ocorre mais frequentemente na vinificação de baixa intervenção, quando não são adicionados sulfitos.
Posso corrigir?
Não, mas pode fazer alguma pesquisa sobre o estilo de vinho para ter a certeza de que não é suposto existir a presença de bolhas. Experimente colocar o vinho num recipiente, por exemplo um decantador, e sacuda. Pode ajudar a livrar-se das bolhas.
Consulte o nosso artigo sobre o mesmo tema para mais dicas sobre as falhas mais comuns no vinho e como as pode (e deve) saber identificar.